PRATO TIPICO DO INTERIOR DE LAGUNA E APRECIADO POR CHEFF PAULISTA

[Gastronomia] Prato típico do interior de Laguna apreciado por chef paulista
A bejajica é um bolo cozido no vapor, ou assado, composto de massa de mandioca crua, amendoim e açúcar, aromatizado com erva doce, cravo e canela. (imagem: divulgação)
Um prato indígena de mandioca e amendoim modificado pelos açorianos colonizadores. Apreciado por muitos, porém, esquecido por outros, a bejajica, ou bijajica, no interior do município ainda é preparada e muito apreciada. São as avós que ainda cultivam o hábito de preparar a iguaria cozido no vapor, ou assada no fogão a lenha, na folha de bananeira.  
Na região do distrito do Ribeirão Pequeno, pode ser encontrada na mesa dos moradores, desgustada com café e leite. Lembrança da infância que até hoje e cultivada pelo professor e psicólogo Elias Matias da Silva e o professor de Artes, Erick Balduíno. Morador da localidade e apaixonado pela culinária dos açorianos colonizadores, seus descendentes. Preserva o hábito e tenta levar aos seus alunos e parentes.
Numa viagem à capital paulista nas férias escolares, o professor não perdeu a oportunidade e apresentou o prato para uma chef paulista. Elzinha Nunes, do canal TV chef, com 24 horas de programas culinários, não conhecida a delícia. A chef, com 100 mil seguidores na mídia social, apresentadora do programa Condimentos, achou inusitado o sabor.  
A profissional se surpreendeu com o prato típico, relatando que desconhecia a iguaria e vai aproveitar a técnica de preparo.
"Ela adorou. Fiquei muito feliz. Isso ajuda a divulgar nossa cultura. Uma das minhas lutas com o povo açoriano é o resgate e valorização do seu prato culinário. Muitos têm vergonha de dizer o que comem, o que gostam de comer e aquilo que faz parte da sua rotina. O alemão não tem, o italiano não tem. Eu sou açoriano e não tenho vergonha de falar do meu pirão d água e da bejajica", conta o professor.
Elzinha é natural da cidade de Serro, antiga Vila do Príncipe em Minas Gerais. Dona de uma linha de restaurantes, o Dona Lucinha, o qual resgata os pratos folclóricos mineiros, veio para Sāo Paulo divulgar sua arte culinária. Diariamente pode-se acompanhar seu programa Condimentos, pelo canal fechado Chef TV.
Imigrantes
A bejajica é um bolo cozido no vapor composto de massa de mandioca crua, amendoim e açúcar, aromatizado com erva doce, cravo e canela. Tem nomes e variações diferentes, em muitas casas são assadas no fogão a lenha na folha de bananeira.
A preparação tem origem indígena, mas a receita atual é resultado da influência  das famílias que migraram do Arquipélago dos Açores para o litoral do estado de Santa Catarina em meados do século XVIII. Em Laguna, é consumida, principalmente, na região do Distrito de Ribeirão Pequeno e no município vizinho de Pescaria Brava, localidades com produção de farinha em engenhos.
História do produto e relação com cultura local
A origem indígena da bejajica é revelada pelas matérias-primas essenciais que compõem sua receita: a mandioca e o amendoim. Estas espécies sempre foram e ainda são muito utilizadas pelos povos guarani no litoral catarinense e também por diversas etnias indígenas do território brasileiro.
Os guaranis desidratavam a mandioca em trançados de palha chamados tipiti e socavam o amendoim em pilões de madeira. Após o processamento, mesclavam os dois produtos e coziam ou assavam a massa envolta em folhas de bananeira, ao vapor ou direto ao fogo.
São inúmeras as variações alimentícias destas práticas, sempre com a mesma base: massa crua de mandioca desidratada e amendoim pilado.
A bejajica encontrada hoje no litoral catarinense ganhou seu formato a partir de adaptações proporcionadas pela instalação de engenhos artesanais de farinha de mandioca na região.
A base da produção e alimentação destas famílias sempre foi a chamada “farinha polvilhada”, mais clara e fina em relação àquelas produzidas em outras regiões do Brasil.
Além da forma específica de preparo, as características especiais da farinha polvilhada do litoral de Santa Catarina estão relacionadas com as variedades de mandioca que ocorrem na região. As principais  variedades identificadas pelos agricultores são as “Amarelinha”, “Roxinha” e “Branquinha”.
A temporada de colheita e de processamento desta farinha chegava a durar quatro meses (maio, junho, julho e agosto), quando famílias e  agregados se reuniam no interior do engenho para a execução das etapas do feitio, chegando a passar noites a fio trabalhando.
Nos engenhos de farinha tornou-se possível obter em quantidade e qualidade a massa crua da mandioca, fundamental para o preparo da bejajica. No engenho também é produzido o açúcar mascavo, outro ingrediente utilizado na receita.
A técnica indígena do cozimento a vapor também passou por transformações passando a ser feito em panelas/formas de cerâmica chamadas de cuscuzeiras, utilizadas também no preparo do cuscus de milho. Apesar destas técnicas básicas de preparação, a receita da bejajica e ingredientes acrescentados pode variar bastante de acordo com a localidade onde é preparada e consumida.
Receita de bejajica
500 g de massa de mandioca ralada, bem espremida.
500 g de amendoim vermelho cru triturado.
250 g de açúcar mascavo
1 colher (chá) de sal.
12 cravos triturados.
Misture bem todos os ingredientes e coloque, sem apertar, na parte de cima de uma cuscuzeira ou panela de vapor, forrada com pano de algodão. Cubra com as pontas do pano, feche a panela e cozinhe por mais ou menos meia hora ou até sentir com os dedos que a massa está cozida e grudada.

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